Uma Revolução que atravessou o século XX
Em outubro de 1917, os trabalhadores da
cidade e do campo tomaram o poder na Rússia. O ano começara com a crise da
monarquia, deposta em fevereiro e substituída por um governo provisório com
representantes de quase todos os partidos. De sua parte, operários, camponeses,
soldados e marinheiros não paravam de construir mais e mais conselhos – os
sovietes – através dos quais experimentavam o poder que nascia de sua
organização massiva. A tensão entre os dois poderes, os sovietes e o governo,
se desenvolveu ao longo do ano e finalmente se resolveu em outubro: os sovietes
venceram.
O mundo olhou admirado ou com
repugnância, mas sempre com assombro para aquele país gigantesco que seria
governado pelos trabalhadores, acontecimento sem precedentes na história. Depois
de outubro foram meses, anos, décadas de novas surpresas, recebidas com
frustração ou com júbilo, nunca com indiferença. O século XX foi marcado a
fundo. Maior do que a própria Rússia é a série de perguntas que, desde 1917 e
até hoje, são formuladas a respeito daquela experiência. Militantes de todos os
quadrantes da política, intelectuais de quase todos os domínios da cultura e do
saber acadêmico, escrevendo em dezenas de línguas e em todos os continentes
engrossaram um debate que, por suas dimensões e por sua heterogeneidade de
temas e problemáticas, pode ser considerado como inesgotável.
Amostras significativas dessas
discussões apareceram em eventos que, em inúmeros países, abriram espaços para
pensar questões referentes à Revolução Russa e suas repercussões. Na UEFS, o
Laboratório de História e Memória da Esquerda e das Lutas Sociais soma-se a
esse esforço ao propor o XI Seminário do
LABELU junto com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com o tema: 100 anos da
Revolução Russa: Antinomias e Desdobramentos nos Séculos XX e XXI .
Pesquisadores especializados em aspectos diferentes daquela História
compartilharão suas reflexões em espaço aberto ao público universitário e à
comunidade externa.
Cem anos depois daquele outubro fortes
consensos operam para silenciar aquelas histórias ou para decretar a sua
irrelevância. Tudo não teria passado de uma sequência de erros lamentáveis e
perigosos. No LABELU, ao contrário, pensamos que uma das funções dos
historiadores é colocar os consensos sob suspeição e investigar sua gênese. Na
verdade, o incômodo indica algo significativo. As experiências humanas
vinculadas à Revolução Russa suscitam questões que, ainda hoje, nos interpelam.
O XI Seminário do LABELU submeterá
algumas delas a debate.
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